Surf, Turismo e Meio Ambiente

O crescente interesse pela pratica de esportes radicais praticados junto a natureza originou o turismo de aventura. Estas modalidades esportivas têm contribuído significativamente para que a indústria do turismo seja uma das mais prósperas na atualidade, apresentando elevados índices de crescimento. 

O Surfe é um dos esportes de aventura mais praticados em todo o mundo e vem crescendo expressivamente, com isso atingindo diversos setores econômicos, dentre eles o turismo.

A grande maioria dos praticantes de surfe, ao programar suas viagens, buscam praias de preferência desertas que ofereçam boas ondas, porém estas são vulneráveis ao desenvolvimento urbano. O valor recreativo, estético e esportivo destes locais possui potencial para a exploração econômica, atraindo investimentos em infraestrutura e exploração turística. 

Este tipo de exploração, muitas vezes transforma praias antes consideradas desertas em locais urbanizados, com grande fluxo de pessoas. Devido à ocorrência deste fenômeno de urbanização e ocupação, é necessário discutir quais os impactos sociais e ambientais gerados. 

Do ponto de vista social, surgem mais oportunidades de emprego e renda para os moradores locais e estes passam a mudar seu estilo de vida. Muitas vezes deixam de realizar sua ocupação para montar um pequeno negócio (bar, mercearia, pousada) ou até mesmo trabalhar em restaurantes, pousadas e hotéis, como funcionários de empresas com capital externo a comunidade. 

O contato da população nativa com indivíduos vindos de outros locais do país ou até mesmo do mundo, tem impacto direto nos costumes da população e na dinâmica da comunidade local. 

Dentre os impactos ambientais causados pela urbanização e ocupação de algumas praias, destaca-se o desmatamento e a poluição. O primeiro ocorre principalmente devido ao aumento das estruturas edificadas, o segundo devido ao aumento do fluxo de veículos (poluição do ar), liberação de dejetos nas águas do mar e rios (poluição das águas) e aumento da geração de lixo. 

O lixo tem se tornado um problema mundial, pois nem sempre tem o seu destino correto, tanto por parte dos moradores e frequentadores de um determinado local, que não “jogam o lixo na lixeira”, quanto por parte dos órgãos públicos responsáveis pela coleta e tratamento de resíduos. 

No contexto ambiental atual, é fato que a poluição traz malefícios a saúde. A poluição da água e o descarte incorreto do lixo favorecem a transmissão de doenças, enquanto a poluição do ar muitas vezes é a causa de problemas respiratórios. 

Em se tratando do surfe, os impactos ambientais causados pela poluição e consequente aquecimento global podem alterar as condições locais e comprometer a prática do esporte. 

Sabendo que o contato direto com a natureza, permite uma maior reflexão do indivíduo sobre o espaço em que habita, possibilitando mudanças de conduta, valores, e estilo de vida. Os surfistas precisam assumir que dependem da natureza para praticar seu esporte, este posicionamento possibilita um sentimento de conservação ambiental.

Fundamentalmente, os praticantes de surfe precisam se reconhecer como indivíduos poluidores. Os surfistas, além de utilizarem veículos a combustão, considerados poluentes, para possibilitar suas viagens, geram resíduos como resultado de sua estadia nas praias. 

A partir deste reconhecimento é possível diminuir os impactos ambientais em nosso habitat, através da utilização de veículos menos poluentes, optando por estadias em estabelecimentos ecologicamente corretos e reduzindo a quantidade de lixo gerado, além de se preocupar com o destino correto do mesmo. 

É importante destacar que a exploração turística, não necessariamente traz problemas ecológicos. Com a urbanização e a ocupação realizada de forma sustentável, é possível amenizar os impactos ambientais, conservando uma “relação sadia entre homem e meio ambiente, possibilitando uma vivência conjunta e integrada” (SPEROTTO, 2011, p. 3).

Referências
ALCÂNTARA et al. Surfing trips: Segmentação do turismo e aspectos motivacionais do surfista. Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo, v.2(1), p. 93-107, 2012. Disponível em < http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur/article/view/591/355>. Acesso em: 12 set. 2012.
GUIMARÃES, R.E. Estilo de vida, saúde e surf – Análise do contributo do surf para o estilo de vida dos seus praticantes [dissertação]. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. 2011. Disponível em < http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/57227/2/Rui%20Enes%20Guimares.pdf>. Acesso em: 12 set. 2012. 
SPEROTTO, Fabiano.  A contribuição do surf para a conservação ambiental do municipio de Garopaba-SC. Revista da Graduação. v.4 (2), 2011. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/viewFile/10038/7079>. Acesso em: 12 set. 09.


3 comentários:

  1. Gostei da matéria serve para nós adores de ondas se conscientizar cada vez mais com a problématica da degradação ambiental em nossos locais de surf, a praia. Infelizmente a especulação imobiliaria passa por cima de tudo e todos trazendo consequencias desastrosas a natureza e o ser humano. Aqui no litoral norte da Bahia os empreendimentos de grandes complexos hoteleiros (Costa do sauipe é um exemplo) destruiram e poluem áreas de restinga, dunas e lagoas mesmo com estudos de impacto ambiental mostrando como área de proteção ambiental APA. Tudo com a propaganda politica do desenvolvimento economico e sustentavel da região. Quanta falacia e balela. Hoje já ouvi falar que esse complexo vive as moscas e para se sustentar tem que fazer Micaretas Carnavalescas para os turistas nacionais e gringos. Porque os Governos não estimulam o Turismo de esportes radicais?? Surf no meu caso. Aqui em Salvador-BA tem um grande mercado de Surf más a mídia e o Governo não veem o surf como turismo. Quanto disperdicio

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    1. Esqueci de dizer que moro perto da praia e vou surfar a pé ou de bike, carro não tenho, e sou gordinho, ao contrário de muitos colegas malhados que mesmo morando perto vão de carro ou moto. Que consciencia de surfista é essa??? aliás muitos aqui gostam mesmo de se a mostrar para as gatinhas com as pranchas, pra mim esses não sabem o que é e nunca ouviram falar de SURF NA VEIA, esses colegas entendem mais de Pagode, academia e baladas e com certeza não estão preocupados com a consciencia ambiental. Aloha!!!

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  2. Boa tarde.

    Primeiramente obrigado por contribuir para o debate em relação ao assunto.

    Concordo com a sua colocação de que a "especulação imobiliária passa por cima de tudo e todos trazendo consequências desastrosas a natureza e o ser humano".

    O discurso de sustentabilidade é muito bonito, mas infelizmente, na maioria das vezes não sai do papel.

    Cabe a nós surfistas darmos exemplos ambientais, e acima de tudo, como cidadãos, devemos nos atentar para estas barbáries que vem acontecendo.

    Precisamos fomentar o debate em relação ao assunto, além de cobrar de nossos representantes ações efetivas de preservação do nosso ecossistema.

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